Abstract:
A presente dissertação constrói-se em torno da tradução para o italiano da mais recente coletânea poética de Elizandra Souza (2021). As questões tradutológicas relativas aos elementos da cultura afro-brasileira, aos realia e aos termos religiosos iorubás que embebem os versos da poeta negra desencadearam um processo de investigação interdisciplinar, fundamentado em pesquisas de campo em diversos terreiros de candomblé. Visa-se paralelamente salientar o papel das lideranças femininas e da estrutura social dos candomblés brasileiros na construção do feminismo negro. O sagrado feminino da cosmogonia iorubá, junto às Iyalorixás, é explorado enquanto possível elemento norteador do fazer literário da maioria das escritoras afrodescendentes. Na coletânea em tradução as numerosas referências às Iyabás e às ancestrais são concebidas dentro de um refinado sistema simbólico, que provém de epistemologias da tradição africana, cujo alicerce são a oralidade, em geral, e as formas não-escritas.