Abstract:
A presente pesquisa tem como objetivo analisar a produção literária e artística do coletivo Sarau das Pretas, criado em São Paulo em 2016. Formado por quatro mulheres negras e um homem trans, todas/os periféricas/os, o grupo é uma das demonstrações mais interessantes do dinamismo do atual panorama da literatura de periferia brasileira, sobretudo aquela de autoria feminina e negra. A arte do coletivo – que conjuga em si várias linguagens, como poesia, dança, música – proporciona reflexões sobre a identidade da mulher negra, pautando temáticas relacionadas com o corpo, o feminino, a ancestralidade e a cultura de matriz africana, ao passo que denuncia o racismo e a violência machista presentes na sociedade brasileira. O Sarau configura-se, assim, como espaço de protagonismo da mulher negra, incentivando a sua produção literária e artística e favorecendo a criação de um ambiente de escuta, diálogo, partilha e empoderamento. Além de sublinhar a qualidade artística do trabalho do coletivo – analisando-o a partir do campo de estudos de performance –, minha pesquisa pretende evidenciar as suas importantes reivindicações políticas, sociais e culturais, juntamente com suas mensagens de orgulho, respeito e cuidado pela identidade negra.